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O prefeito do Rio, Eduardo Paes, recebeu, nesta quarta-feira (3), o estudante de 12 anosbarrado pela diretora de uma escola municipal por usar bermudas brancas e guias do candomblé por baixo do uniforme. Em reunião de pouco mais de uma hora, o prefeito pediu desculpas ao menino.

 

"É importante que se faça um pedido de desculpas por esse eventual erro ou excesso e que fique claro que a rede municipal de ensino aceita as diferenças e respeita as escolhas e orientação religiosa das pessoas. A mensagem que queremos passar é de que nao há qualquer preconceito na rede municipal de ensino e nem na escola, que está entre as melhores da cidade. Axé para quem é de axé, shalom para quem é de shalom e amém para quem é de amém", disse o prefeito.

 

O encontro começou por volta das 11h, na sede da Prefeitura do Rio, na Cidade Nova. Também participaram a mãe dele, Rita de Cássia, um advogado e secretária de Educação, Helena Bonemy.  O prefeito disse que a diretora, que foi eleita por pais e professores, segue no cargo.

"Acredito que o que aconteceu foi um lapso e não um ato de preconceito. A experiência que temos com essa escola sempre foi muito positiva", disse Paes, que acrescentou que a mãe do menino, embora acompanhada de um advogado, não falou com ele sobre processar a prefeitura. O caso ocorreu em agosto e o menino, que estava a oito meses na Escola Francisco Campos voltou à sua escola de origem a Panamá, no mesmo bairro.

 

Uma sindicância foi aberta pela Secretaria Municipal de Educação para apurar o caso e, segundo o município, todas as medidas cabíveis serão tomadas ao fim da apuração.A Prefeitura do Rio, através de nota, informou que não admite qualquer tipo de discriminação nas unidades escolares da Rede Municipal.

 

O estudante da quarta série do ensino fundamental Escola Municipal Francisco Campos, no Grajaú, na Zona Norte do Rio, foi barrado pela diretora da instituição por usar bermudas brancas e guias por baixo do uniforme, segundo a família. A rotina de ir à escola virou motivo de constrangimento para um aluno que estava se iniciando no candomblé.

 

“Antes de ele entrar para o candomblé, eu avisei para a professora e ela logo disse que ele não entraria no colégio. Eu expliquei que ele teria que usar branco e as guias, mas ela não aceitou”, contou indignada a mãe do estudante ao G1, Rita de Cássia.

No dia 25 de agosto, depois quase um mês sem ir à escola, o jovem tentou voltar. “Eu levei o meu filho e, na porta da escola, ela [diretora] não viu que eu estava atrás e colocou a mão no peito dele e disse: ‘Aqui você não entra’. E eu expliquei que ele teria que usar as guias e o branco por três meses e aí ela respondeu: ‘O problema é seu’”, disse Rita de Cássia.

 

Rita ressaltou que o filho de sentiu humilhado diante dos amigos do colégio e chorou muito. “Se ela estivesse esperado todo mundo entrar e me chamasse no canto para tentar encontrar uma forma para colocar ele pra dentro seria uma coisa. Mas, não. Ela barrou ele na frente de todo mundo. Eu discuti, falei palavrão feio pra ela, eu admito, mas ela não poderia ter feito isso com ele. Ele foi muito humilhado”, afirmou a mãe.

 

Na tarde desta quarta (3) professores da Escola Municipal Francisco Campos entraram em contato com o G1 para explicar que não houve discriminação religiosa contra o aluno. Segundo a professora Martha Werneck, o menino chegou ao colégio de bermuda branca e de boné, o que é proibido. Ela disse que as guias do candomblé estavam por baixo da camisa e não eram visíveis. "A diretora explicou para a mãe que ele não poderia entrar de boné. Posso garantir que em relação à diretora ela não fez discriminação religiosa", contou.

 

O jovem de 12 anos foi definido pela mãe como uma criança determinada. Apesar do constrangimento, Rita contou que o filho em momento algum pensou em abrir mão dos ideais do candomblé. “A escolha de entrar para o candomblé foi dele. Ele sabe o que quer, é muito firme nas decisões. Por nada ele larga a religião dele. Quando aconteceu isso tudo ele disse: ‘Se eu fosse muçulmano ou qualquer outra coisa eu deveria ser respeitado, isso é discriminação’”, lembrou a mãe.

 

Segundo Rita, o jovem caminhou até em casa de cabeça baixa, teve febre e perdeu o interesse de retornar à escola. “Se o meu filho estivesse com drogas, se tivesse arma tenho certeza que eles iam tampar os olhos”, reclamou.

Depois de quatro dias do episódio, ele foi transferido para a Escola Municipal Panamá, também no Grajaú, onde foi bem recebido pela diretoria, professores e estudantes.

 

“Depois que eu fui lá para pedir a transferência a diretora disse que não gostaria que eu levasse ele porque ele era um ótimo aluno. Mas o que ela não poderia era ter feito meu filho passar vergonha. Depois que ele foi tão humilhado, meu filho foi muito bem aceito na escola nova. Todo mundo me apoiou. Pra quem é mãe é muito difícil ver um filho sofrendo esse preconceito”, disse emocionada Rita de Cássia.

 

(Fonte: Globo.com - Portal G1)

Eduardo Paes pede desculpas a aluno barrado em aula por usar guias de candomblé

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