
Fonte:
Educação Espiritual nos dias atuais
Suellen Sá
Hoje em dia, infelizmente, há uma certa tendência de alguns pais colocarem nas mãos da escola o processo de educação dos filhos. Atitude que geralmente vem acompanhada da justificativa de falta de tempo, da sobrecarga de afazeres ou do trabalho em período integral. Elementos que acabam excluindo a educação familiar das prioridades dos responsáveis.
Bahá’u'lláh, o fundador da Fé Bahá’í, em um escrito, diz o seguinte:
“Considerai o homem como uma mina rica em jóias de inestimável valor. A educação tão somente pode faze-la revelar os seus tesouros e habilitar a humanidade a tirar dela algum benefício.”
Se somos uma mina rica em jóias de inestimável valor, a primeira coisa que devemos considerar em termos de educação é que cada ser humano tem um potencial inerente, o que não se restringe somente à educação formal. Existem vários tipos de educação: a formal e informal, a material, a humana e a espiritual. Enfim, há vários elementos do processo de educação que podemos nos referir. Entretanto é importante nos atermos à educação como sendo um elemento de conexão entre pais e filhos, e como esta conexão é, na realidade, um processo educativo que normalmente não é visto como tal.
A função dos adultos processo de educação, na conexão os filhos, deve ser o de fazer com que eles desenvolvam capacidades como sabedoria, conhecimento e o mais importante: percepção espiritual. Um ser humano que não seja consciente da sua realidade interior, afinal quem será? Se não conheço a mim mesmo, se não me analiso a cada dia, se não tenho percepção da minha própria realidade, quem sou? Para que sirvo? Só para trabalhar, criar família e perpetuar meu nome? É muito pouco para uma criação tão nobre. É muito pouco nos apegarmos simplesmente à nossa realidade exterior! Os pais vão oferecer à existência humana uma nova criatura, mas uma criatura com percepção espiritual, consciente de sua própria realidade.
Na relação entre pais e filhos teríamos muitos aspectos e elementos a analisar. O primeiro se refere ao exemplo. Não há melhor forma de educação, melhor processo de se transmitir do que o exemplo. E isto é uma coisa que merece uma atenção mais aprofundada. O segundo aspecto é a consulta e o diálogo. Se reconhecermos em nossos filhos “minas ricas em jóias de inestimável valor”, devemos prestar mais atenção ao que essa mina tem a nos oferecer e dar importância ao que ela diz, em proveito do seu próprio crescimento. O terceiro é a unidade. Só se consegue criar unidade quando existe interação. Se existe um bloqueio, se existe uma porta fechada, se não existe o reconhecimento desta mina rica em jóias, o que tem a oferecer este novo elemento da família quando começa a expressar o seus pensamentos e opiniões? No momento em que existe esta conectividade, a unidade começa a tomar forma. Com uma estrutura moral solidamente estabelecida, qualquer que seja o revés que a vida venha a provocar naquela família, ela tem um elemento que mantém o seu eixo central intacto: a sua unidade e o reconhecimento do potencial de cada um.
*Suellen Sá é filóloga e representante da Comunidade Bahá'í para assuntos com a Sociedade e Governo.
Suellen Sá, filóloga e representante da Comunidade Bahá'í para assuntos com a Sociedade e Governo fala de Educação Espiritual nos dias atuais

Aula de educação espiritual na Comunidade Bahá'í de Campinas.